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AUDIÇÃO

   Para entender como funciona a audição, temos que entender um pouco como funcionam os sons. Sons são ondas sonoras que se propagam pela vibração de partículas no ar. Por exemplo, quando nós falamos, nossas cordas vocais vibram e essa vibração faz com que as moléculas no ar vibrem até que essas ondas cheguem no seu ouvido.

   Mas claramente existe uma diferença entre o falsete da McMelody e os sons graves que um contrabaixo produz. Essa diferença está na frequência dessas ondas sonoras. Sons agudos têm uma frequência maior que a de sons graves, e o nosso cérebro consegue diferenciar os dois sons, e vamos te explicar como, mas primeiro, você precisa entender como o som chega no nosso cérebro.

   Primeiro, nossa orelha capta e concentra as ondas sonoras que se propagam no ar e direciona-as para o nosso canal auditivo até que elas chegam no nosso tímpano, que é uma membrana de tecido conjuntivo que vibra com a mesma frequência das ondas sonoras captadas e essa vibração se propaga pelos três ossinhos que estão em contato com o tímpano: o martelo, a bigorna e o estribo. Os três ossos estão na chamada cavidade timpânica, e sua função é amplificar as ondas sonoras para que elas estejam mais fortes quando entrarem no ouvido interno (através da janela oval, outra membrana) porque este está preenchido por líquido, que, por ser mais denso que o ar, requer uma força maior para ser movido.

Anatomia da orelha.

Extraído e editado de https://www.youtube.com/watch?v=Ie2j7GpC4JU&t=305s

   No ouvido interno encontra-se o labirinto, que tem duas funções: transformar as vibrações físicas em impulsos elétricos para que o cérebro possa receber e identificar os sons, e ajudar você a manter seu equilíbrio (ver parte sobre sistema vestibular). A parte do labirinto que é responsável pela transformação dos sons em impulsos elétricos é a cóclea, que é a parte do labirinto que tem formato de concha de caracol. A cóclea consiste em três câmaras principais, que executam todo o caminho do “caracol” e são separadas por membranas sensíveis, cuja mais importante é a membrana basilar, que percorre a câmara do meio da cóclea. A membrana basilar é coberta por fibras de diferentes comprimentos, sendo que as mais compridas ficam no final da membrana, ou seja, mais para o centro do “caracol”. As fibras mais curtas vibram com sons mais agudos (de alta frequência) e as fibras mais longas vibram com sons de menor frequência. Nosso cérebro diferencia sons agudos de sons graves dependendo de quais fibras que vibraram quando a orelha captou o som.

   A vibração das fibras estimula a ação de um órgão vizinho à membrana basilar, o órgão de Corti, que está repleto de células com um cabelinho saindo de cada uma delas, que se chamam células ciliadas. Quando um desses cabelinhos é acionado pela vibração das fibras da membrana basilar, abrem-se na célula ciliada canais de sódio. A entrada de sódio é responsável pela geração de potenciais de ação e só aqui o sistema nervoso leva para o cérebro a informação do que você está ouvindo. Os impulsos elétricos passam do órgão de Corti para o nervo coclear e deste para a via auditiva para o córtex cerebral. Nosso cérebro distingue os sons baseando-se na localização da célula ciliada que mandou o impulso. Em sons “altos” (aqueles de grande amplitude, que são mais potentes), mais células ciliadas se movimentam, gerando mais potenciais de ação, em sons agudos (aqueles de alta frequência), as células ciliadas no início da cóclea se movimentam, por exemplo.

SONS ALTOS!!!! Esse é um caso em que, independentemente da frequência do som, várias células ciliares serão ativadas

https://www.bustle.com/articles/136473-9-signs-you-need-to-get-your-hearing-tested

Em sons agudos, que tem alta frequência, as células ciliares na base da cóclea são ativadas.

Extraído e editado de Princípios de Fisiologia Animal, Christopher D. Moyes e Patricia M. Schulte, segunda edição, página 278

CURIOSIDADES
Eu não ouço mais isso!!!

   Quando nós dissemos que existem células ciliadas que se ativam pela captação de diferentes frequências sonoras, nós deixamos passar um detalhe que deveria ser óbvio mas que é bem importante. Nós não temos células ciliadas para cada frequência de onda que existe, isso porque existem infinitas frequências.

   Ou seja, nós não somos capazes de ouvir todas as frequências de ondas sonoras porque seria impossível ter células ciliadas para todas. O resultado disso é que nós humanos temos um espectro dentro das frequências sonoras existentes que nós somos capazes de captar. Isso significa que o som precisa ter uma frequência mínima e uma máxima para ser capaz de gerar uma resposta no nosso cérebro. Os humanos são capazes de ouvir sons entre 20Hz e 20.000Hz, mas isso varia entre os animais e até mesmo entre os humanos!

   Os cachorros, por exemplo, são capazes de ouvir sons de até 100.000Hz e por isso existem apitos que são usados especialmente para cães. Esses apitos emitem ondas sonoras de frequência maior do que nós somos capazes de captar mas que estão dentro do alcance sonoro dos cães. Dessa forma, os cães ouvem o som do apito mas nós não.

Mas não existem frequências especiais que são só ouvidas por cachorros. Esse fenômeno também acontece entre pessoas de idades diferentes. Quando envelhecemos, temos a tendência a ter nosso espectro sonoro mais estreito porque deixamos de ouvir os sons mais agudos do nosso espectro original. Isso acontece por causa do enrijecimento que vem com a idade das estruturas que compõem nossas orelhas.

Experimento: existem aplicativos de celular que produzem sons de diferentes frequências. Teste com pessoas de idades distintas as frequências mínima e máxima que vocês são capazes de ouvir.

Barulho demais!

   Você já ouviu falar em poluição sonora? Será que isso existe mesmo e faz mal para a saúde ou sua mãe só te falou sobre isso para que você parasse de usar fones de ouvido no volume máximo?

   Na verdade, poluição sonora não é lenda urbana e pode levar a problemas de saúde! Pessoas que ficam expostas a barulhos muito altos costumam ter um limiar auditivo mais alto que o das outras pessoas

(isso é um jeito chique de dizer que o som de uma certa frequência tem que ser mais intenso para essas pessoas do que para pessoas que não foram expostas à poluição sonora). Isso é bem ruim porque pode levar ao enrijecimento das articulações entre os três ossinhos dentro da nossa orelha, o que pode levar a surdez!

   As pessoas que mais sofrem com perda de audição por exposição à poluição sonora são músicos, operários de construção e pessoas que trabalham em ruas com muito movimento. Mas mesmo que esse não seja seu caso, é melhor você não se expôr à ambientes ruidosos demais!

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