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OLFATO

   Do aroma de um doce delicioso ao pior dos cheiros, você já deve ter percebido como o espectro de sensações resultantes desse nosso sentido é imensamente variável. E isso decorre, em parte, pela existência de vários tipos de proteínas de membrana nos receptores olfativos, esses últimos responsáveis pela percepção dos estímulos odoríferos a que somos expostos . São essas proteínas que, ligadas à molécula de odor, que farão com que a célula responda ao estímulo – e a sensação final a ser interpretada pelo cérebro dependerá inicialmente da proteína em questão, que estará relacionada a como cada receptor individual será estimulado.

   O interessante é cada célula olfativa apresenta apenas um tipo de proteína das muitas que podem ser produzidas pelos receptores de um mesmo organismo, mas uma mesma célula pode responder a uma quantidade mais ou menos variada de cheiros, o que indica que uma mesma proteína pode se ligar a moléculas odoríferas com formatos diferentes. Esse modelo de explicação faz analogia aproximada ao modelo chave-fechadura, em que uma chave tem uma configuração de forma a encaixar em uma fechadura específica – mas, no caso do sistema olfativo, a chave, que representa a molécula de odor, se ligaria a várias fechaduras. Ainda assim, por restrições na possibilidade de ligação, existe uma certa especificidade na resposta das células olfativas – algumas células responderão preferencialmente a estímulos que sentimos como florais ou canforados, por exemplo.

   Experimentos que envolvem alterações químicas na molécula de cheiro, que afetem seu formato, demonstram que uma mesma substância, que antes era interpretada como de um cheiro após o estímulo para a célula, pode passar a demonstrar um outro cheiro básico (como de mentolado a floral, em um exemplo hipotético).

   A combinação dos estímulos enviados por cada receptor individualmente determinará o resultado odorífero final reconhecido pelo indivíduo. Tente pensar, por exemplo, em como uma combinação de ingredientes em um doce pode fazê-lo ter uma fragrância diferente daquele em que, usando mesma receita, altera-se a proporção dos ingredientes. É claro que a sensibilidade para detectar variações de cada "nota" de cheiro é variável entre pessoas e pode mesmo ser uma habilidade treinada até certo ponto.

   Mas vamos olhar agora para a fisiologia do sistema olfativo:

   Como podemos ver na imagem ao lado, os receptores de olfato, apesar de comumente associados à imagem das entradas nasais, não estão localizados logo ali, mas bem mais adiante em região superior, formando o epitélio olfatório.

Olfactory bulb: Bulbo olfatório;

Cribriform plate: Placa cribiforme;

Olfactory epithelium: Epitélio olfatório;

Nasal cavity: Cavidade nasal

Sniff! A toupeira-nariz-de-estrela tem abundância muito maior de receptores olfativos que um humano.

   Agora, se ampliássemos a região marcada pelo retângulo, veríamos uma organização similar a isso:

   Podemos perceber que as células olfatórias, diferentes de demais modalidades sensoriais do corpo, fazem conexão com entrada diretamente ao bulbo olfatório localizado no cérebro. Há uma sinapse com células já no interior dessa estrutura, onde serão processadas as informações que resultarão na percepção do cheiro.

   Para que essa percepção final ocorra, entretanto, é necessário que as moléculas de odor se solubilizem na camada de muco secretada pelo epitélio nasal; uma vez ali diluídas, podem se difundir às membranas dos cílios sensoriais, onde estarão inseridas as proteínas para ligação e sensibilização do neurônio receptor olfativo. Essa informação atravessa os axônios em cujos terminais ocorrerão sinapses de comunicação com as células mitrais. Basicamente, é assim que ocorre a transmissão da informação até o cérebro.

Órgão vomeronasal

 

   Fica abaixo do epitélio olfatório principal e contém células com proteínas de membrana nos cílios que se ligam a classes de moléculas mais restritas, como feromônios. A estimulação de seus receptores não necessariamente provoca uma sensação de cheiro, mas está associada a alterações comportamentais e instintos sexuais.

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